Tradição não gera vendas! Essa talvez seja a frase que mais define a situação da segunda maior operadora de turismo do mundo, a Thoamas Cook, empresa britânica que fechou as portas no dia 23 de setembro de 2019. A falência da Thomas Cook deixou mais de 600.000 clientes que estavam viajando pelo mundo afora sem poderem voltar para casa.
We are sorry to announce that Thomas Cook has ceased trading with immediate effect.
This account will not be monitored.
Please visit https://t.co/WWiKkzLYQJ for further advice and information.#ThomasCook pic.twitter.com/Nf1X3jn97x
— Thomas Cook (@ThomasCookUK) 23 de setembro de 2019
INOVAÇÃO É TUDO!
A operadora, há 178 anos no mercado (desde 1841!) e pioneira no lançamento de pacotes com tudo incluído, parece ter parado no tempo. Composta por uma operadora de viagens e uma companhia aérea que opera em 16 países, contava, ainda, com 105 aviões e 200 hotéis e complexos hoteleiros com sua marca, segundo o site da empresa. Seu faturamento anual no último exercício foi de 50 bilhões de reais.
Isso tudo não foi capaz de manter a companhia funcionando diante das inovações tecnológicas do mundo globalizado atual.
Com um quadro de 22.000 funcionários, sendo 9.000 deles somente no Reino Unido, a empresa precisava levantar R$ 1 bilhão como recursos adicionais para poder garantir sua sobrevivência, depois de intensas negociações com a Autoridade de Aviação Civil Britânica (CAA).
Há vários anos, ela vinha enfrentando a concorrência de outras empresas e de um ambiente econômico incerto, em particular no Reino Unido, com as incógnitas do Brexit e a queda da libra. Além disso, as empresas que operam apenas na internet – com custos bem menores que os da Thomas Cook – também teriam contribuído para sua falência. Até as condições climáticas do mundo foram acusadas de contribuir com o processo de falência, uma vez que, com o aquecimento global, os britânicos estão viajando menos, porque o Reino Unido já não seria mais tão frio assim.
Levantou-se a possibilidade de que o Poder Executivo britânico “salvasse” a empresa a um custo de R$ 750 milhões, mas o primeiro-ministro britânico afirmou que isso criaria um “precedente de risco moral” e, mesmo com o fechamento de tantos postos de trabalho no país, o “salvamento” não foi executado.
O que o governo britânico fará, a partir de agora, é montar uma força tarefa para repatriar os turistas britânicos que estão fora do país – cerca de 150.00 – sem condições de voltar, uma vez que todos os voos agendados pela empresa foram cancelados.
APRENDENDO COM A THOMAS COOK
Empresas tradicionais podem até gerar vendas, mas com a velocidade com que as coisas mudam atualmente, contar somente com ela sem se adaptar aos novos tempos é caminhar para um caminho de insucesso sem volta!
O comportamento do consumidor mudou e a Thomas Cook contava que seus clientes pudessem ainda comprar seus pacotes em lojas físicas – cerca de 500 depois de uma reestruturação, mas que chegava aos milhares há pouco tempo atrás – porém, os clientes nas lojas física eram pessoas idosas com baixo poder aquisitivo. Clientes mais jovens e com mais poder aquisitivo compravam pela internet e, se a empresa não estava lá, não vendia!
O que se pode aprender com esse case:
- Tradição tem seu valor, mas inovar é tudo!
- É preciso acompanhar sempre as mudanças no comportamento do consumidor e se adaptar a elas.
- Não é mais possível ficar “terceirizando” a culpa do seu fracasso.
- As empresas que não tiverem presença on-line estão fadadas ao insucesso.
- Faturamento não é igual a lucro e você deve equilibrar suas receitas e despesas.
- A manutenção de ativos requer uma gestão mais apurada dos custos da empresa.
- Parcerias são fundamentais para tentar enxugar as despesas operacionais.