Seleção por competências

Dentro de um mercado tão competitivo como o mercado fitness, as empresas têm que buscar sempre um diferencial competitivo. Instalações, equipamentos e tudo mais relacionado à aparência física da empresa é o mesmo que a maioria delas busca e acabam todas ficando em um mesmo patamar. Academia passa a ser commodity.

Um dos caminhos para se diferenciar no mercado e obter vantagem competitiva é explorar e desenvolver seus ativos intelectuais: os profissionais que atuam em sua empresa.

Tudo começa no processo de recrutamento e seleção de seus funcionários. Selecionar profissionais apenas mediante a competência técnica registrada nos currículos ou pelo “feeling” é certeza de problemas futuros. Um processo seletivo simplesmente baseado na análise curricular pode comprometer a produtividade e o desempenho de sua equipe. Por outro lado, um processo seletivo voltado para competências específicas minimiza esses problemas e garante longevidade e eficácia ao seu time. Essa seleção baseia-se no perfil traçado para cada função dentro da empresa de acordo com a estratégia de atuação da empresa. Claro que você não vai encontrar, ainda, o candidato perfeito; todos têm pontos fortes e fracos. O importante é minimizar os problemas no futuro.

Numa visão geral, competências podem ser definidas como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes, biografia e experiência profissional, traduzidas em um alto desempenho na função. Muitas vezes são variáveis intangíveis que precisam ser levadas em consideração. Ser competente tem a ver com ir além do saber fazer. É o modo como você faz para atingir resultados desejados. A concorrência acirrada faz com que o mercado exija cada vez mais das empresas e essas, dos seus empregados.

Nesse contexto, os gestores têm papel importantíssimo, a partir do momento em que são os agentes de mudança desse processo, implantando um sistema de recrutamento e seleção eficiente em suas empresas.

Alta rotatividade de funcionários pode onerar sua contabilidade

O ponto inicial deveria ser um recrutamento interno de profissionais para assumirem novas funções disponíveis na empresa. Isso agrega valor ao processo, na medida em que o colaborador se vê valorizado e tem a possibilidade de assumir novos cargos, desenvolvendo, assim, sua carreira profissional. A desvantagem é que a organização fica estagnada, sem novas ideias e sem uma renovação de seu quadro de funcionários. O segundo passo seria buscar, no mercado, novos profissionais.

Selecionar por competências é ter foco e ser objetivo na contratação de mão de obra qualificada. Assim, esse processo, por sua objetividade e eficácia, traz algumas vantagens:

  • escolher a pessoa que mais se adapta a cada função
  • identificar comportamentos futuros problemáticos
  • traçar um perfil comportamental de cada candidato
  • minimização de problemas comportamentais
  • economia de tempo e de dinheiro

A alta rotatividade de funcionários em uma empresa, além de prejudicar a produtividade da mesma, onera sua contabilidade, por conta de ações trabalhistas e indenizatórias, além do custo com novos recrutamentos e treinamentos. Alguns fatores estimulam essa rotatividade e as empresas fitness devem achar um meio de diminuir a saída regular de funcionários:

  • política salarial
  • política de benefícios
  • relacionamento patrão x empregado
  • condições de trabalho
  • ambiente organizacional
  • cultura organizacional
  • política de treinamento

Baixos índices de turnover (rotatividade) indicam uma empresa relativamente saudável do ponto de vista estratégico e isso pode ser atingido montando-se um processo de recrutamento e seleção qualificado e baseado no mapeamento de competências. O segundo passo é o treinamento constante de seus colaboradores. E, se nada disso der certo (o que é pouco provável), o terceiro passo é a demissão.

Como você recruta e seleciona os funcionários para a sua academia?

Treinamento e desenvolvimento humano

A administração de recursos humanos tem sido o foco de grandes empresas no mundo todo. Fala-se muito em políticas de RH, que visam beneficiar os colaboradores de uma determinada organização, e estabelecem-se parâmetros de valor cada vez mais diversificados. Entretanto, parece que este ainda não é o foco quando se fala do mercado fitness.

Preocupam-se, nesse setor, em agradar o cliente e de tudo fazem para captá-los e fidelizá-los, mas… e o cliente interno? Como sua empresa está tratando aqueles que são a mola mestra de seu negócio? Sim, porque sem eles, de que adiantam os clientes: quem os orientará? Quem prescreverá os exercícios?

Quando não houver mais equipamentos para a prática de atividades físicas, ainda haverá um profissional de Educação Física orientando essa prática.

Seria interessante fazer uma reflexão sobre o maior patrimônio de sua empresa – seu capital humano: seus colaboradores trabalham plenamente satisfeitos? Estão desenvolvidos na plenitude de suas capacidades e potencialidades humanas? Você pode estar dizendo que sua empresa é a melhor para se trabalhar, que você adota políticas que beneficiam seus colaboradores etc. O raciocínio deve ser o mesmo usado para trabalhar seus clientes externos: como seus colaboradores estão percebendo essas políticas que sua empresa adota? Eles dão valor a elas?

Pergunte a eles o que poderia ser feito para valorizar mais o seu trabalho profissional e você irá verificar uma diversidade de respostas, onde, provavelmente, valores materiais serão os menos citados.

Por isso, propõe-se uma política de RH que possa ir além de benefícios materiais e que valorizem o profissional em toda a sua plenitude humana. Treinar e desenvolver o ser humano de forma holística, de modo que, tornando-se uma pessoa melhor, possa ser um profissional melhor.

Empresas de qualidade prestam serviços de qualidade apenas se tiverem pessoas de qualidade.

Pode-se perceber a necessidade de se desenvolver, em seus colaboradores, outras competências além das competências técnicas, que permitirão desenvolver equipes de profissionais que, por suas novas características pessoais, estarão orientadas para uma política “natural” de atendimento ao cliente, sem atitudes e frases de efeito “prontas” que deixam transparecer uma certa artificialidade quando se trata desse assunto.

Além das competências técnicas, pressuposto básico para o exercício profissional em empresas fitness, e das competências de gestão, que se referem à própria administração e organização do trabalho, seja individual ou coletivamente, outras competências são necessárias para se ter um profissional completo: são as competências que abrangem o relacionamento social e a espiritualidade do ser humano.

 

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Desenvolver pessoas deve fazer parte do cotidiano das empresas

Não é possível ensinar essas competências, porém, é perfeitamente possível desenvolvê-las em cada um e, assim, estimular uma melhor convivência entre as pessoas, o que refletirá, indubitavelmente, na relação profissional-cliente. Saber ouvir, ser cordial, ter consciência ambiental, política e de responsabilidade social são qualidades que estão faltando em nós, seres humanos, e que contribuem para criar um hiato nas relações humanas. Ora, se lidamos com pessoas em nosso dia-a-dia profissional, faz-se inadmissível essa distância; urge que ela seja encurtada por estar diretamente relacionada à preservação da espécie, já que nenhum ser humano é capaz de viver sozinho, conforme o pensamento aristotélico cunhado há mais de 2000 anos.

O desenvolvimento dessa potencialidade humana em seus colaboradores internos será, então, fator de sucesso e geração de lucros para sua empresa uma vez que eles são a própria mola mestra de seu negócio.